01 ABRIL 2023 

Artigo de Dom Adimir Antonio Mazali - Bispo de Erexim (RS)

Fonte: CNBB


O tempo litúrgico da Quaresma, a partir da Palavra de Deus, convocou-nos a voltar para o Senhor de todo o coração. Após cinco semanas de preparação para a Páscoa, nas quais fomos convidados a viver mais intensamente a oração, a penitência e a caridade, agora com o Domingo de Ramos entramos na Semana Santa, com a qual celebraremos os Mistério da Paixão, Morte e gloriosa Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Conforme os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, Jesus iniciou Seu Ministério na Galileia. Depois de morar “mais ou menos trinta anos” (Lc 3,23) em Nazaré, Jesus foi batizado por João Batista, no Rio Jordão; fez um retiro de quarenta dias no deserto, preparando-se para a missão. No deserto ele foi tentado pelo demônio e nos ensinou a vencer as tentações. Em sua missão, primeiramente, Jesus evangelizou o povo da Galileia, a região norte da Palestina. Lá curou muitas pessoas doentes, paralíticos, cegos, libertou muitos possessos; ensinou aos discípulos e a todas as pessoas a dinâmica e a lógica do Reino de Deus; andou o tempo todo pregando a Boa Notícia do Reino de Deus, como enviado de Desu Pai.

Ao sentir concluída sua missão na Galileia, Jesus “tomou decididamente o caminho para Jerusalém” (Lc 9,51), a fim de anunciar a Boa Nova do Reino de Deus ao povo que encontrasse pelo caminho e aos habitantes da Capital, Jerusalém. Jesus foi um missionário itinerante e acompanhado por seus discípulos, entendia que sua tarefa era “fazer a vontade de Deus Pai” (Jo 4,34). Em suas jornadas missionárias, Jesus constantemente sofria perseguições. A perseguição foi uma das marcas da trajetória de Jesus.

Prezados irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra do Domingo de Ramos inicia com o Evangelho que descreve a chegada triunfal, porém na humildade, de Jesus em Jerusalém. Jesus estava acompanhado de seus discípulos, os quais estavam com muito medo, pois o próprio Jesus os havia alertado a respeito da perseguição que iria sofrer. Jesus, “o Rei dos judeus”, chegou montado num jumentinho, como havia profetizado Zacarias: “Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho” (Zc 9,9). Significa que esse rei é pacífico, manso e humilde de coração. Além disso, o rei dos judeus, o Filho de Deus, é inocente. As falsas testemunhas não encontraram provas contra Ele. Na entrada de Jesus, em Jerusalém, “a numerosa multidão estendia suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo chão. “As multidões que iam à frente de Jesus e os que seguiam, gritavam: “Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9-10). E Jesus foi reconhecido como o Profeta de Nazaré, da Galileia.

O Apóstolo Paulo, na Carta aos Filipenses, revela a espiritualidade que orientava a vida e os passos de Jesus, o seu modo de ser. Por isso, ele diz que: “sendo de condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição humana, tornando-se igual aos homens e, como homem, se fez servo, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,6-8). O preço da encarnação foi a cruz. Fazendo-se homem, Jesus não se apegou a sua igualdade com Deus, mas ao contrário, esvaziou-Se a Si mesmo e se fez Servo, dando a vida pela causa do Reino de Deus. Jesus fez isso consciente e livremente, despojando-se de tudo. Essa Sua postura e prática, apresentam-se como critério de fé e de vida para todos nós. O que realiza plenamente um cristão, seguidor e discípuo de Jesus, é agir com o mesmo espírito com que Jesus agia. Por isso, o Apóstolo Paulo diz: “Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5). É este modo de Ser que faz de Jesus, “rei dos judeus”.

Caríssimos irmãos e irmãs. Devido à fidelidade de Jesus ao Plano do Pai, Deus O exaltou, ressuscitando-O e colocando-O no mais alto posto que possa existir. O nome que Ele recebeu do Pai é o título de Senhor. Jesus é o Senhor do Universo e da história. Diante Dele toda a criação se prostra em adoração. Esses são os Mistérios que celebramos na Semana Santa, a Semana Maior da nossa fé cristã. Portanto, somos chamados a mergulhar, a partir do Domingo de Ramos e, especialmente, no Tríduo Pascal, na Vida de Jesus, a fim de viver intensamente com Ele, sua entrega de amor por toda a humanidade, celebrando o memorial da Sua Paixão e Morte de Cruz, ápice do amor de Deus Pai para com toda a humanidade, culminando com a glória da Sua Ressurreição, a Festa da Páscoa, na qual declaramos Jesus Cristo, o Filho de Deus, “Senhor” de nossas vidas.

Enfim, desejo que todos vocês, meus irmãos e irmãs, possam viver profundamente esta Semana Santa, participando, intensa e inteiramente, das celebrações litúrgicas, em suas Comunidades Eclesiais. Deus os abençoe!