27 DEZEMBRO 2024

PE. DEOLINO PEDRO BALDISSERA, SDS


O Evangelho de João nos diz que o Verbo se fez carne! O Verbo se fez Natal! A Palavra criadora, que estava presente no início de tudo o que existe no “faça-se”, tornou-se carne! Assumiu a condição de criatura para morar entre nós. Eis o grande mistério de nossa fé. Racionalmente não temos condição de entender esse gesto que surpreendeu todo mundo. O dom da fé que nos foi dado, permite aceitar esse mistério e inseri-lo na conduta de nossa vida. Pense comigo: como pode que Aquele que esteve desde o princípio de tudo, possa tornar-se pequeno e ficar ao “alcance” de nossas mãos? Quem seria capaz de compreender?  Os profetas falavam de que Deus iria intervir para criar uma humanidade nova, faziam projeções, mas a concretude disso ficava perdida num certo vácuo porque eles intuíam uma manifestação libertadora, que projetavam num rei justo e pacífico, num menino nascido de uma mulher, mas na compreensão dessas profecias ficava sempre uma dúvida do “como”?

Ninguém podia imaginar que um menino nascido de uma virgem judia fosse a encarnação de Deus. Deus nos surpreendeu com sua maneira tão humana de realizar seu projeto de salvação. Foi difícil para muitos da época do nascimento de Jesus de acreditar nEle, como aliás, continua sendo para muito hoje. Contudo, sua maneira de agir e se comportar deu evidências de que se tratava de alguém especial que ao mesmo tempo se igualava em tudo aos humanos, menos no pecado, e outrossim, revelava as coisas de Deus, os segredos escondidos por séculos, de um jeito que se pudesse entender, embora sempre com o pressuposto da fé.

Os discípulos que conviviam com Jesus, lhe diziam, “nós cremos, mas aumenta nossa fé!” O mistério é sempre maior que a nossa fé! É no mistério da fé que somos conduzidos para patamares mais elevados. Sem ela é impossível penetrar na mensagem de Jesus. Muitos ainda hoje o reconhecem por sua sabedoria e o admiram por seus ensinamentos, mas não creem nEle como Deus encarnado!

Estamos vivendo o Natal, esse acontecimento secular que renova nos crentes a certeza da presença de Deus entre nós, como Emanuel; que desperta o desejo de eternidade e de vida plena; que dá sentido a nossa luta e a nossa busca por plenitude.

É fascinante pensar que pertencemos à “plenitude dos temos”, porque é assim que o evangelho nos diz: “quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho ao mundo”. Há muitas hipóteses de quando o mundo começou e os humanos começaram a existir. Os cálculos nos levam à milhões de anos! Foram necessários esses milhões de anos para chegar o dia do Natal. Jesus sendo a plenitude dos tempos, traz consigo aquilo de que a humanidade tanto precisava, a possibilidade de reencontrar-se com seu Criador e receber dele a restituição da comunhão plena com Ele.

Foi assim, desse jeito surpreendente que Deus “manifestou sua bondade e seu amor pelos humanos” ... justificados pela graça de Jesus, nos tornamos na esperança herdeiros da vida eterna”.

Celebremos o Natal com esse espírito de fé que nos traz alegria e paz, e vivamos o “shalom” de Deus. Assim o Natal faz sentido, num mundo que perdeu o sentido dEle.

A você que me lê desejo o shalom de Deus nesse Natal junto com sua família!