07 FEVEREIRO 2025
PE. DEOLINO PEDRO BALDISSERA, SDS
No evangelho de Marcos, capítulo 5, encontramos a narrativa de duas curas que Jesus fez suscitadas pela fé. No primeiro caso, da fé de uma mulher que sofria de hemorragia há 12 anos. Esta se aproximou sorrateiramente de Jesus com a intenção de tocá-lo, porque em sua fé, fazendo isso, ficaria curada. Assim o fez e assim aconteceu. No segundo caso é um pai que movido pela fé pede a Jesus que cure sua filha moribunda. Em ambos os casos Jesus atende. No primeiro percebeu que alguém o tocou de modo especial, pois a multidão o comprimia. Jesus percebeu que uma força saiu dele pelo toque de alguém. Perguntou quem o tocou? os discípulos espantados, disseram que havia muita gente comprimindo-o a sua volta, que era impossível saber. A mulher, envergonhada se apresenta cheia de medo e conta-lhe a verdade. Jesus lhe diz que “sua fé a curou” e que fosse em paz de sua doença curada.
No segundo caso, o da criança moribunda, Jesus, a pedido de Jairo, pai da criança, dirige-se a sua casa. Ainda no caminho veio a notícia de que a criança havia morrido e disseram a Jairo que dispensasse a ida de Jesus diante do fato da morte da criança. Jesus tranquilizou o pai dizendo “Não tenhas medo, basta tua fé”. Chegando à casa notou o desespero dos que ali estavam, Jesus pergunta: “por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, está dormindo”. Foi caçoado por isso. Entrou na casa acompanhado por três de seus discípulos e o pai e mãe da criança. Junto ao quarto onde jazia a criança Jesus pegou em sua mão e disse “Talitá cum”, menina levanta-te! Imediatamente a criança ficou de pé e começou a andar. Jesus recomendou aos pais que lhe dessem alimento.
Talitá cum – levante-se! Essa atitude de Jesus a encontramos em outros textos evangélicos, sempre referindo-se a alguma cura ocasionada pela fé demonstrada em Jesus. É uma atitude de ressurreição. Vida nova, diferente da condição anterior, sinalizando um futuro novo, que devolve a esperança e dá perspectiva de sentido pleno à vida.
Trazendo o texto para a nossa vida cotidiana, nos deparamos muitas vezes com pessoas, prostradas pelos sofrimentos, doenças, situações desestabilizadoras, relações conturbadas, desavenças de opiniões, auto estima ferida, negócios que não deram certos, incompreensões e julgamentos precipitados, condenações antes de saber a verdade, frustrações de expectativas, vida espiritual seca, desgastada, que não responde mais como alimento da esperança, perturbações psicológicas, sentimento de solidão recorrente... a lista poderia ser aumentada. Diante dessa realidade quem pode nos salvar?
Quem pode nos dizer “Talitá cum”? levante-se! Pelo lado puramente humano, algumas dessas situações poderiam ser aliviadas se houvesse alguém que escutasse com atenção o relato de tais sofrimentos. A solidariedade e proximidade pode ser um antidoto bastante eficaz. Não está fácil hoje encontrar pessoas disponíveis para essa tarefa. Todo mundo está bastante ocupado consigo mesmo que perde a sensibilidade do “toque” que há na sutileza do pedido oculto (mulher com hemorragia), nas expressões faciais, nos olhares tristonhos, nas cabeças baixas, na ausência de sorrisos. Em muitos casos o sofredor se deprime e perde a confiança e não se dispõe a buscar a ajuda (como Jairo fez). Nos casos bíblicos narrados acima, a Pessoa de Jesus foi o referencial da busca sempre com um pressuposto que norteou a busca por Ele. A fé! Nesses episódios vimos o quanto ela foi essencial para conseguir o que buscavam. Serviu de base para o “Talitá cum”. Como disse acima, às vezes, não encontramos nas pessoas a mão estendida para ajudar a levantar-se. Só nos resta uma última alternativa que é a fé inabalável, como encontrei num mendigo Vanderlei à porta da igreja. Saudei-o dando lhe a mão e ele logo me disse com um semblante abatido e sofrido, que havia perdido tudo em sua vida, família, bens e que só restava-lhe a fé que conservava em seu coração. Convidei-o a participar da missa prestes a começar, meio constrangido disse que o cachorro que o acompanhava poderia atrapalhar a celebração. Disse-lhe que o pessoal da acolhida arranjaria uma cadeira para ele ficar próximo à porta e seu cachorro ficando perto dele não ia atrapalhar. Aceitou o convite e participou da missa. Não tive mais contato com ele seguiu seu caminho. Uma coisa me chamou atenção, o pouco que tinha em sua vida sofrida, a companhia de seu cachorro, contudo, o que o mantinha de pé era sua fé que não perdeu nos reveses da vida.
Todos nós precisamos dela para aceitar as consequências inevitáveis das diferentes situações que vivemos. Sem ela não há esperança diante das “hemorragias” e outros males que nos fazem moribundos. É a fé que nos possibilita encontrar alguém que nos diga: Talitá cum! Pra você que se encontra em algumas das situações apontadas o que posso lhe sugerir é: fé numa pessoa: Jesus. Ele pode dizer a você, independentemente de sua situação: TALITÁ CUM! Fica com Deus caro leitor!