24 jan 2017 - O Papa Francisco incentivou os comunicadores a exercer seu trabalho de forma “construtiva”, “rejeitando os preconceitos contra o outro” e seguindo um modelo que “promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade”.
Em uma mensagem por ocasião do 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado no dia 28 de maio, Solenidade da Ascensão do Senhor, o Santo Padre pediu que se transmita a “boa notícia”, ao romper “o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas ‘notícias más’ (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas)”.
Na opinião do Papa, isto não significa que se deva ocultar as notícias negativas que infelizmente chegam de forma diária: “Não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingênuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal”.
Neste sentido, Francisco advertiu sobre os efeitos perniciosos de “um sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero”.
O Bispo de Roma quis com esta mensagem “dar a minha contribuição para a busca de um estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia”. Por isso, convidou todos “a oferecer aos homens e mulheres do nosso tempo relatos permeados pela lógica da ‘boa notícia’”. Precisamente, a Boa Notícia, junto com a confiança na semente do Reino e os horizontes do Espírito, articulou a mensagem do Papa.
A Boa Notícia
“Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o ‘Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus’”, destacou.
“Esta boa notícia – continuou o Santo Padre –, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que nunca pode esquecer os seus filhos”
A confiança na semente do Reino
O Pontífice recordou que “para introduzir os seus discípulos e as multidões nesta mentalidade evangélica e entregar-lhes os ‘óculos’ adequados para se aproximar da lógica do amor que morre e ressuscita, Jesus recorria às parábolas, nas quais muitas vezes se compara o Reino de Deus com a semente, cuja força vital irrompe precisamente quando morre na terra”.
“O recurso a imagens e metáforas para comunicar a força humilde do Reino não é um modo de reduzir a sua importância e urgência, mas a forma misericordiosa que deixa, ao ouvinte, o ‘espaço’ de liberdade para a acolher e aplicar também a si mesmo”. “O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio”.
Os horizontes do Espírito
O Papa Francisco assinalou que na Festa da Ascensão, “aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam”.
“A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar. Tal confiança que nos torna capazes de atuar – nas mais variadas formas em que acontece hoje a comunicação – com a persuasão de que é possível enxergar e iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa”, ressaltou.
“Quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo, torna-se capaz de discernir em cada evento o que acontece entre Deus e a humanidade, reconhecendo como Ele mesmo, no cenário dramático deste mundo, esteja compondo a trama de uma história de salvação”.
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