02 fev 2017 - A Igreja celebra, 40 dias, após o Natal, a festa da Apresentação do Senhor. Trata-se do dia em que Jesus foi apresentado ao Templo, por Maria e José, como mandava a lei judaica. Só Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, reconhecem o Messias naquele Menino.
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no templo de Jerusalém, aparece como o símbolo de uma realidade muito maior e universal: a humanidade encontra seu Deus na Igreja. Ouvimos do Profeta Malaquias ( Ml 3, 1-4) que prenunciava esse encontro:” Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu Templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais.” No Templo, Simeão reconheceu como Messias esperado a Jesus e o proclamou Salvador e luz do mundo. Compreendeu que, doravante,o destino de cada homem se decidia de acordo com a atitude assumida em relação a ele; Jesus será causa ou de ruína ou de ressurreição.
Nossa Senhora preparou o seu coração, como só Ela o podia fazer, para apresentar o seu Filho a Deus Pai e oferecer-se Ela mesma com Ele. Ao fazê-lo, renovava o seu faça-se (SIM) e punha uma vez mais a sua vida nas mãos de Deus. Jesus foi apresentado ao Pai pelas mãos de Maria. Nunca se fez nem se tornaria a fazer uma oblação semelhante naquele Templo.
A festa de hoje convida-nos a entregar ao Senhor, uma vez mais, a nossa vida, pensamentos, obras…, todo o nosso ser. E podemos fazê-lo de muitas maneiras. A liturgia desta festa quer manifestar, com efeito, que a vida do cristão é como uma oferenda ao Senhor, traduzida na procissão dos círios acesos que se consomem pouco a pouco, enquanto iluminam. Cristo é profetizado como a Luz que tira da escuridão o mundo sumido em trevas.
Seus pais maravilharam-se do que se dizia dEle. Maria, que guardava no seu coração a mensagem do Anjo e dos pastores, escuta novamente admirada a profecia de Simeão sobre a missão universal do seu Filho: a criança que sustenta nos seus braços é a Luiz enviada por Deus Pai para iluminar todas as nações: é a glória do seu povo.
É um mistério ligado à oferenda feita no Templo e que nos recorda que a nossa participação na missão de Cristo, que nos foi conferida no batismo, está estritamente ligada à nossa entrega pessoal. A festa da Apresentação do Senhor é um convite a darmo-nos sem medida, a “arder diante de Deus, como essa luz que se coloca sobre o candelabro para iluminar os homens que andam em trevas; como essas lamparinas que se queimam junto do altar, e se consomem alumiando até se gastarem”. (São Josemaría Escrivá, Forja, 44). Meu Deus, dizemos hoje ao Senhor, a minha vida é para Ti; não a quero se não for para gastá-la junto de Ti. Para que outra coisa haveria de querê-la?
São Bernardo recorda-nos que “está proibido apresentar-se ao senhor de mãos vazias.” Simeão abençoou os pais do Menino e disse a Maria, a mãe de Jesus : Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” ( Lc 2, 34-35).
Jesus traz a salvação a todos os homens; no entanto, para alguns será sinal de contradição, porque se obstinam em rejeitá-Lo.
O Evangelista São Lucas narra também que Simeão, depois de se referir ao Menino, se dirigiu inesperadamente a Maria, vinculando de certo modo a profecia relativa ao Filho com outra que se relacionava com a mãe: “ uma espada atravessará a tua alma”. Com estas palavras do ancião, o nosso olhar desloca-se do Filho para a Mãe, de Jesus para Maria. É admirável o mistério deste vínculo pelo qual Ela se uniu a Cristo, àquele Cristo que é sinal de contradição.
Estas palavras dirigidas à Virgem anunciavam que Ela estaria intimamente unida à obra redentora do seu Filho. A espada a que Simeão se refere expressa a participação de Maria nos sofrimentos do Filho; é uma dor indescritível, que atravessa a sua alma. O Senhor sofreu na Cruz pelos nossos pecados; e esses mesmos pecados de cada um de nós forjaram a espada de dor da nossa Mãe.
Podemos servir-nos das palavras de Santo Afonso Maria de Ligório, invocando Maria como intercessora: “Minha Rainha, seguindo o vosso exemplo, também eu queria oferecer hoje a Deus o meu pobre coração…Oferecei-me como coisa vossa ao Pai Eterno, em união com Jesus, e pedi-lhe que, pelos méritos do seu Filho, e em vossa graça, me aceite e me tome por seu”.
Por meio de Maria, o Senhor acolherá uma vez mais a entrega que lhe fizermos de tudo o que somos e temos.
Mons. José Maria Pereira
A tradição de benção das velas
A Igreja também recorda neste dia uma antiga devoção em que uma procissão luminosa relembrava o trajeto de Maria ao templo, por isso, a celebração de Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Candelária ou ainda Nossa Senhora da Luz neste dia.
Na liturgia atual a celebração recorda principalmente a figura de Jesus, mas manteve a tradicional bênção das velas dessa antiga tradição pelo simbolismo que ela carrega, como assinala o missionário redentorista padre Geraldo de Paula.
“Na celebração do dia de hoje, onde apresentamos a vela, a luz, nós estamos lembrando que Cristo é a nossa luz, e queremos então ser sempre abençoados por esse Deus que nos ama e que nos convida a sermos portadores dessa luz a todos os irmãos e irmãs”.
A festa de hoje projeta o futuro e não apenas a recordação de um fato passado. São Sofrônio, patriarca de Jerusalém, expressou em sua vida esse desejo que deve estar presente no coração dos fiéis:
"Por isso vamos em procissão com velas em nossas mãos e nos apressamos carregando luzes; queremos demonstrar que a luz brilhou para nós e significar a glória que deve chegar através dele. Por isso vamos juntos ao encontro com Deus".
Dia Mundial da Vida Consagrada
A entrega de tantos homens e mulheres através da profissão dos votos de pobreza, castidade e obediência representa também um grande sinal de que é possível viver a santidade nos dias atuais. Para recordar os fiéis sobre o valor da vocação dos religiosos e religiosas para a Igreja, o Papa João Paulo II associou a celebração do Dia Mundial da Vida Consagrada à festa da Apresentação.
A entrega de tantos homens e mulheres através da profissão dos votos de pobreza, castidade e obediência representa também um grande sinal de que é possível viver a santidade nos dias atuais, especialmente, no serviço aos que mais necessitam, como frisa padre Geraldo.
“Assim como Jesus foi consagrado, todos nós também nos consagramos a Deus para o serviço dos irmãos e das irmãs e, nos dias de hoje, todos nós que entregamos a nossa vida ao Senhor o fizemos nesse espírito de serviço e de doação, especialmente, às pessoas que mais precisam de nós, de uma palavra, de uma orientação, do perdão do Senhor e do acolhimento como o Senhor sempre nos ensinou a acolher. Amar e servir sempre”, sublinha o missionário.
Fonte: www.a12.com