04 fev 2017 - “Senhor, quem entrará no Santuário pra te louvar?” Ao som dos fiéis cantando e uma chuva fina que caía do céu, deu-se início à última celebração em homenagem a Dom Albano Bortoleto Cavalin, morto na última quarta-feira, 01, devido a complicações cirúrgicas.
A missa silenciosa e tranquila foi presidida pelo Administrador Apostólico da Arquidiocese de Londrina, Dom Manoel João Francisco e concelebrada por cardeais, arcebispos, bispos e padres de várias regiões do Brasil. Estiveram presentes religiosas e religiosos, seminaristas, leigas e leigos, o Sheik Ahmad Saleh Mahairi, autoridades e familiares de Dom Albano, para celebrar a vida e o ministério deste catequista, pastor de Deus cujo lema era: “Interpretava lhes nas escrituras” (Lc 24, 27).
A homilia foi proferida por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida/SP, que falou sobre a vida de Dom Albano à luz das leituras proclamadas na celebração. “A primeira leitura falou da vitória do amor. Se há alguém vitorioso no amor é Dom Albano Cavalin. Ele amou esta Arquidiocese, a Igreja do Paraná, da América Latina, a CNBB. Ele fez uma experiência profunda do amor de Deus. Dizia que além de ser amado, também foi paparicado por Deus. E ele também tinha consciência do quanto era amado nesta Arquidiocese. O Evangelho nos diz: ‘queremos ver Jesus’. Dom Albano abriu esse caminho para vermos Jesus nele. Nós vimos e vemos Deus na pessoa de Dom Albano, um místico irrequieto, um homem de muita oração, um homem de Deus. De um lado com uma ternura enorme e de outro uma coragem profética”.
Dom Orlando encerrou a homilia convidando o povo a continuar sendo catequizado pela vida e pelos escritos de Dom Albano. “Boas obras não faltaram desse missionário incansável. Até os últimos momentos pensando na Igreja missionária, nos Grupos Bíblicos de Reflexão. É justo que hoje aqui nós digamos: muito obrigado, Dom Albano, interceda por nós. Nós vamos sim realizar a sua vontade de uma Igreja missionária. Mais Bíblia no coração deste povo, mas de uma maneira tão simpática, tão atraente, profética como o senhor nos ensinou. Dom Albano, amado e paparicado por Deus, amado por Londrina, repouse em paz e viva na alegria do Senhor, no ajudando a nos prepararmos para a nossa morte e a sermos a Igreja santa de Jesus”, concluiu.
Depois da missa de Exéquias e das homenagens, o corpo de Dom Albano foi coberto pelo manto franciscano da Fraternidade Toca de Assis e levado em cortejo pelos padres, aplaudido pelos fiéis presentes na celebração, até a cripta onde foi sepultado no subsolo da ca/tedral. Em seu túmulo, uma oração pelas vocações, a que tanto Dom Albano se dedicou a rezar: “Rogai ao Senhor da seara que envie operários para a Messe”.
Atendendo ao pedido do Dom Albano de que as pessoas não lhe prestassem homenagem com coroa de flores, mas que em vez disso o dinheiro fosse destinado à Fraternidade Toca de Assis, obra a qual dedicou-se grande parte de sua vida, durante seu velório uma urna estava disponível para que as pessoas fizessem suas doações. Também o ofertório da missa foi destinado à Toca de Assis. Para Prudenciana Rita Geradi, da Paróquia Santo Antônio de Pádua, Dom Albano tinha a missão de cuidar do povo de Deus, e fez isso mesmo depois de morto. “Seu último gesto de não querer coroa de flores para que o dinheiro fosse doado para a Toca de Assis é muito bonito, pois quem ama os pobres, ama a Deus. E agora ele está lá no céu e podemos pedir intercessão dele. De/us chamou o que era d’Ele e nós o devolvemos para que um dia ele nos leve também”, acredita Prudenciana.
Para a própria Toca de Assis foi uma surpresa o gesto de Dom Albano, conta irmão Joel Maria, guardião da missão de Londrina da Toca. “A gente não esperava. Por mais que soubéssemos que ele nos ama tanto, não tínhamos a dimensão que mesmo depois de morrer ele teria esse cuidado. Foi uma demonstração muito grande do carinho dele para conosco”. O irmão explica que a Toca tem em Dom Albano a figura de pai e pastor que com humildade e sabedoria sempre os ensinava e orientava. “Tristeza a gente não tem, porque soubemos aproveitar e vimos que ele também aproveitou de cada momento que teve conosco. O que fica é um misto de saudade e ao mesmo tempo de alegria, por saber que agora a gente tem um intercessor no céu, que sempre intercedeu por nós de forma concreta, a forma mais concreta também foi esse último gesto dele, e ao mesmo tempo a saudade, pois fica só a lembrança”, conclui.
O que se destaca em Dom Albano para o casal Nestor Edson do Nascimento e Ivete Boscariol do Nascimento, da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, é a grandeza de sua humildade. “Um verdadeiro pastor e incentivador da nossa Igreja”, conta Nestor. Para ele, o momento é de tristeza, mas de uma profunda alegria por saber que a vida não termina, segue ao encontro de Deus, como Dom Albano. “A princípio ficamos triste, mas ele se preparou para ir, passou para a vida eterna e deixou um grande legado a ser seguido: ‘alegremo-nos no Senhor. É a própria figura do pastor, representante de Cristo na terra”, completa Ivete.
Testamento Espiritual
Após a celebração, os fiéis receberam o testamento espiritual de Dom Albano Cavalin, escrito por ele em 3 de abril de 2015, Dia de Sexta-Feira Santa, inspirado pelas palavras de Jesus que dizia que não há maior prova de amor do que doar a vida por quem amamos. Nele, o Arcebispo agradece as pessoas que fizeram parte de sua vida, a Deus e faz um pedido: “rogaria a todos os cristãos orações pelas conversões em geral: sacerdotais, religiosas, missionárias e de santidade”.
Conclui dizendo que gostaria de continuar trabalhando pelas vocações mesmo depois da morte. Por isso pede que em seu túmulo seja escrito a oração: “Rogai ao Senhor da seara que envie operários para a Messe”.
Juliana Mastelini - PASCOM Arquidiocesana
Arquidiocese de Londrina