14 maio 2017 - Fátima (RV) – O Papa Francisco realizou na sexta-feira e sábado uma peregrinação ao Santuário mariano de Fátima por ocasião do primeiro Centenário das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria a 3 crianças.
Duas delas canonizadas neste sábado, Francisco e Jacinta, a terceira Lúcia, em processo de beatificação. Pouco mais de 23 horas em terras lusitanas, 4 discursos, sete presentes, dois encontros privados, um almoço com os bispos portugueses e a oração do Terço diante da imagem de Nossa Senhora e a Santa Missa com a presença de milhares de fiéis e peregrinos.
Poucas horas, mas intensas. A paz e a esperança foram o lema da peregrinação ao santuário que tem na paz a sua melhor mensagem. Francisco veio a Fátima como o peregrino da esperança e da paz acolhendo o convite do Presidente da República e dos Bispos portugueses. Foram momentos vividos com grande alegria pelos portugueses porque, neste centenário, através da presença do Santo Padre a Igreja portuguesa esteve unida à toda a igreja do mundo. Sim, porque sempre que o Papa peregrina é toda a Igreja que peregrina com ele.
Como o próprio Francisco disse aos cerca de 70 jornalistas presentes no avião papal, esta foi uma “viagem um pouco especial, uma viagem de oração, um encontro com o Senhor e com a Santa Mãe de Deus”.
Na grande vigília de oração na sexta-feira Francisco rezou diante da imagem de Nossa Senhora. Ali aos pés da imagem colocou flores e depois uma Rosa de Ouro, pediu paz e concórdia para o mundo, e para os povos. Recordou os pastorzinhos e que podemos também ser peregrinos de todos os caminhos, derrubando muros e fronteiras.
O Papa peregrino foi doce mas preciso em suas palavras, numa mensagem na qual falou de perdão, da humanidade e dos mais fracos. Francisco recordou que não há Cristianismo sem Maria e avisou que é um erro pensar em Deus ou em Nossa Senhora como figuras “castigadoras” do pecado. São misericordiosos.
O Papa Francisco entregou a todos uma pergunta que certamente os peregrinos vão levar na sua bagagem espiritual; Peregrinos com Maria… Qual Maria? Uma “Mestra de vida espiritual”, a primeira que seguiu Cristo pelo caminho “estreito” da cruz dando-nos o exemplo, ou então uma Senhora “inatingível” e, consequentemente, inimitável? A “Bendita por ter acreditado” sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma “Santinha” a quem se recorre para obter favores a baixo preço? Francisco exortou os fiéis a deixarem de lado as próprias ambições e interesses.
A Praça diante do Santuário ficou pequena para acolher tantos peregrinos que chegaram a dormir ao ar livre para poder ver e ouvir Francisco. Uma verdadeira festa de fé, de cores e louvores.
Muitos dos peregrinos carregaram com orgulho na sua peregrinação a bandeira do seu país. Vieram rezar e pedir pela paz nas suas nações, todos de coração cheio. Vieram e voltam agora para casa com uma mensagem de paz. Carregam em suas bagagens uma experiência ímpar, indescritível. Vieram renovar a fé e deixar aos pés da Senhora de Fátima, todos os desejos, anseios e horizontes.
Fátima tocou e toca o coração das pessoas, como certamente tocou o coração de Francisco. Também ele trouxe aos pés da mãe os pedidos e anseios de toda uma humanidade; trouxe no coração as preces de uma humanidade ferida e oprimida em tantas situações de guerras, perseguições e injustiças.
E na sua passagem por Fátima Francisco deu à Igreja dois novos santos, duas crianças, os mais jovens santos não mártires a serem canonizados. Um novo capítulo na história da Igreja no que diz respeito à infância.
A peregrinação de Francisco à Fátima certamente ficará na memória deste Santuário e dos peregrinos que o visitam. Deste lugar sagrado o Sucessor de Pedro falou de uma “revolução” centralizada na misericórdia e no perdão, palavras-chave de seu pontificado, a revolução da ternura e do carinho. Com Maria, disse, possamos ser sinal e sacramento de misericórdia de Deus, que perdoa sempre, perdoa tudo. Francisco concluiu, como tantos outros fiéis a sua peregrinação a Fátima. Ele como tantos outros percorreu o caminho até a “Casa da Mãe”.
Silvonei José - Rádio Vaticano