13 julho 2017 - O Santo Sudário é o pano de linho que, segundo a tradição, envolveu o corpo de Jesus Cristo depois da crucificação. Submetido a dezenas e dezenas de estudos e pesquisas, ele conserva mistérios assombrosos que jamais puderam ser explicados.

O estudo mais recente foi feito pelo Istituto Officina dei Materiali (IOM-CNR), de Trieste, e pelo Istituto di Cristallografia (IC-CNR), de Bari, em parceria com o Departamento de Engenharia Industrial da Universidade de Pádua, todos sediados na Itália.

Conclusão? As manchas achadas no tecido não podem ser de tinta: elas são de sangue humano, e não é de “qualquer” sangue. A análise das partículas do tecido, mediante resolução atômica, aponta “que a fibra de linho está cheia de creatinina, [com partículas] de dimensões entre 20 e 90 nanômetros, ligadas a pequenas partículas de hidrato de ferro de dimensões entre 2 e 6 nanômetros, típicas da ferritina”. As declarações são de Elvio Carlino, coordenador da pesquisa. Vale recordar que um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro, ou seja: pegue um milímetro, divida-o em um milhão de partes iguais e você terá um milhão de nanômetros.

O professor Giulio Fanti, da Universidade de Pádua, complementa: as partículas observadas, “pela dimensão, tipo e distribuição, não podem ser uma obra realizada séculos depois no tecido do Santo Sudário”. O que as investigações apontam é que o tecido realmente entrou em contato com o sangue de um homem morto que tinha sofrido múltiplas e graves feridas. Segundo Fanti, “a ampla presença de partículas de creatinina unidas a partículas de ferridrita não é uma situação típica de soro sanguíneo de um organismo humano em estado normal de saúde. Um alto nível de creatinina e ferritina tem relação com pacientes que sofreram um politraumatismo severo, como a tortura. A presença dessas nanopartículas biológicas indica que o homem que foi envolvido no sudário de Turim sofreu uma morte violenta”.

O artigo que detalha o estudo foi publicado na revista científica norte-americana PlosOne, com o título New Biological Evidence from Atomic Resolution Studies on the Turin Shroud (Novas evidências biológicas a partir de estudos de resolução atômica sobre o Sudário de Turim).

O estudo confirma o que outras pesquisas e análises já tinham apontado décadas atrás. Duas dessas análises, realizadas paralelamente em 1978 por Baima Bollone na Itália e por Heller e Adler nos Estados Unidos, por exemplo, demonstraram a presença de bilirrubina nas marcas do Sudário.


De quando é o Santo Sudário? (publicado em 09 mar 2014)
O Santo Sudário nunca deixa de surpreender. O professor Giulio Fanti, especialista italiano de renome mundial em estudos sobre o Sudário de Turim, publicou em 2014 um texto cujo título é bastante provocativo: "O Santo Sudário: primeiro século depois de Cristo". Liderada por ele, uma equipe da Universidade de Pádua realizou experimentos de datação do Sudário com base em análise mecânica e optoquímica e os resultados são vários pontos de exclamação.

Apresentamos a seguir uma conversa com Fanti.

Em 1988, com grande alarde, a datação que utilizou o carbono 14 concluiu que o Sudário era da época medieval. O que os seus estudos têm a dizer de diferente disso?

Os resultados das nossas análises determinaram que é razoável datar o Sudário no século I d.C., a época em que Jesus de Nazaré viveu na Palestina. O trabalho que nós fizemos produziu resultados compatíveis entre si, indicando uma data em torno de 33 a.C., com uma incerteza de mais ou menos 250 anos. Eu quero lembrar que estas análises são científicas e não pretendem ter a última palavra, mas chegamos a essas conclusões usando três métodos independentes que dão resultados coerentes entre si. Estamos aguardando as reações do mundo científico, que, por enquanto, parecem positivas.

Em 1988, então, alguma coisa deu errado?

Uma importante revista de estatística publicou um estudo recente que mostra que os resultados de 1988 foram afetados por um erro sistemático, devido a um provável efeito ambiental. A data encontrada não faz sentido cientificamente. Existem também estudos de outros tipos que indicam que o Sudário não pode ser considerado medieval, que ele já era conhecido em tempos antigos. São pesquisas numismáticas sobre os rostos de Cristo retratados em moedas antigas. Esses estudos indicaram que as primeiras moedas cunhadas com a face de Cristo pelo Imperador Justiniano II, a partir de 692 d.C., devem ter usado o Sudário como modelo de referência. Isso teria acontecido seis séculos antes da datação apontada pelo carbono 14.

Datação à parte, a imagem do homem do Sudário continua sendo um mistério.

A ciência mostrou que a imagem corpórea do Sudário não é reproduzível nem mesmo hoje em dia com todas as suas características macroscópicas e microscópicas, que são particularíssimas. Quando você consegue fazer alguma coisa aceitável do ponto de vista macroscópico, não consegue satisfazer uma série de características microscópicas, e vice-versa. O que hoje nós podemos supor razoavelmente é que a imagem do Homem do Sudário se formou a partir de uma notável explosão de energia, que veio de dentro do corpo envolvido nela.

Esta "explosão" seria a ressurreição de Cristo narrada nos Evangelhos?

Do ponto de vista científico, é muito complexo estabelecer as causas que podem ter determinado o efeito da imagem do Sudário. Recentemente, alguém falou em terremoto. O fenômeno da ressurreição poderia resolver esse dilema. Nós temos que levar em conta que o sangue humano que está no tecido de linho não tem o menor vestígio de manchas, que teriam surgido se o cadáver que estava envolto nele tivesse sido removido fisicamente. O que podemos pensar é que o homem saiu do linho depois de se tornar mecanicamente transparente.

Mas o homem do Sudário é realmente Jesus de Nazaré?

Os estudos científicos até hoje não deram respostas conclusivas sobre a identidade do homem que foi enrolado no Sudário. A ciência humana tem que admitir as suas limitações, mas a ciência admite a fé e vice- versa. Desta perspectiva, considerando que os Evangelhos confirmam tudo o que pode ser observado no Sudário e acrescentam mais informações sobre o que aconteceu naquele domingo de Páscoa, não é difícil pensar que aquele homem é Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos.


Probabilidade de o Santo Sudário ser falso: 1 em 225 bilhões! (artigo publicado em 12 jan 2016)

Fala o Dr. Pierluigi Baima Bollone, professor de Medicina Legal na Universidade de Turim e médico forense que avaliou as amostras de sangue do tecido. 

Quando era criança e ouvia falar do Santo Sudário de Turim, o Dr. Pierluigi Baima Bollone, professor de Medicina Legal na Universidade de Turim, ficava empolgado. Ele não imaginava que uma comissão de especialistas haveria de levantar a hipótese da presença de traças de soro no Santo Lenço e que ele seria o primeiro patologista capaz de analisá-las. Foi em 1978, avaliando uma dúzia de fios tirados do Sudário e uma microcrosta de frações de milímetros extraída por uma equipe de cientistas suíços.

“Assim descobri que se tratava de sangue humano. Depois, com a ajuda de alguns especialistas em DNA, eu pude identificar algumas de suas características”, disse o professor em entrevista ao site Vatican Insider. “Eu era um jovem médico forense que se interessava por microvestígios. O Pe. Coero-Borga me perguntou se eu conseguiria esclarecer se as manchas do Santo Sudário eram verdadeiramente de sangue”, conta ele.

O médico aceitou o desafio e analisou as amostras com microscópio ótico, depois com um eletrônico e assim chegou à maravilhosa descoberta.

“Foi um momento que jamais poderei esquecer. Estava com outros médicos patologistas na biblioteca do Palácio Real, que tinha as janelas bloqueadas com sacolas negras que tínhamos posto. O Sudário estava estendido sobre uma grande mesa, iluminado por uma luz rasante com uma inclinação de 45 graus para retirar os fragmentos de pano, e nos sentávamos um por vez sobre um cavalete. Quando foi a minha vez, tive a impressão de que a imagem virava um corpo. Era como se eu a visse em três dimensões, e pensei que meus olhos estivessem aprontando comigo”.
Desde então, os estudos do prof. Bollone sobre o Sudário nunca cessaram.

“Com a ajuda de Grazia Mattutino, uma das mais importantes criminologistas, meus estudos estão indo para frente. Há certo tempo, conseguimos individuar partículas de ouro e de prata que devem ter pertencido ao relicário que continha o Santo Sudário durante o incêndio acontecido em Chambéry em 1532. O Santo Sudário, para mim, é mais do que um simples objeto de estudo. Além de contribuir para a minha formação humana, ele condicionou positivamente toda a minha atividade profissional posterior. Minha educação e meu senso da espiritualidade não têm nada a ver com as minhas convicções sobre o Santo Sudário. Por motivos racionais e científicos, estou convencido de que o Lençol de que estamos falando é o próprio que envolveu Jesus Cristo há dois mil anos. Eu diria isto ainda que fosse ateu. E, entre os pesquisadores que acreditam na autenticidade do Santo Sudário, encontram-se numerosos judeus, protestantes e agnósticos”.

Diante de alguém que diz ser uma falsificação, o Prof. Bollone explica que respeitaria a sua convicção, mas “lhe diria que está enganado, enunciando-lhe detalhadamente todas as razões que postulam sua absoluta veracidade”.

“Até porque, pelo cálculo de probabilidades, a chance de o Santo Sudário ser falso é de 1 em 225 bilhões”.

Fonte: Aleteia