28 out 2017 - O Conselho Permanente da CNBB, reunido entre 24 e 26 de outubro, em Brasília aprovou com emendas e correções um texto contendo orientações pastorais dirigidas aos operadores de todas as mídias que no Brasil se apresentam como católicas.
O documento foi preparado com a participação de todas as comissões pastorais da Conferência e traz considerações importantes a serem observadas na TV, no Rádio, nos impressos e nas chamadas mídias sociais da Igreja.
Dom Darci José Nicioli, presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação, coordenou todo o processo de composição do documento e foi encarregado pelo Conselho a dar continuidade ao processo que inclui a revisão, publicação, divulgação do documento por meio de ano de estudos e debates com os operadores das mídias.
Ele falou à Assessoria de Imprensa. Confira a entrevista.
Este novo documento da CNBB com orientações para a mídia católica tem que tipo de origem? Por que foi necessário fazer esse texto?
Todos os documentos que emanam da nossa Conferência Episcopal nascem da solicitude dos nós bispos em vista da animação da ação evangelizadora no Brasil. Nenhum desses textos é produzido sem essa mística. Em colegialidade fraterna, procuramos nos debruçar, na medida do possível, sobre todas as realidades que compõem a nossa ação pastoral. O campo da comunicação é importantíssimo! Lançamos o nosso Diretório Nacional para a Comunicação em 2014 e, desde aquele período, temos pensado em traduzi-lo em orientações explicitamente pastorais para ajudar os operadores da mídia católica e de todos os que atuam na mídia e assumem sua catolicidade.
A necessidade de orientação para campos específicos do apostolado é comum à nossa ação evangelizadora. E vivendo em tempos de grandes transformações e expansão midiática, esse ambiente da vida eclesial e social pediu dos nossos bispos uma reflexão mais específica. Foi por isso que, por longos meses, estamos trabalhando nesse texto que foi aprovado pelo Conselho Permanente da CNBB e que, logo, estará nas mãos de todos os irmãos e irmãs que atuam em todas as mídias. Não é um texto pronto e acabado, mas um instrumento de estudo que poderá receber a influência de todos os que, efetivamente, atuam em mídias em nome da Igreja.
Quem são, então, os destinatários desse documento? A CNBB apresenta essas orientações aos diretores, responsáveis ou a todos os comunicadores católicos?
Os bispos decidiram falar aos operadores de todas as mídias que se apresentam como católicos diante da sociedade, tanto os que atuam em veículos da Igreja como aqueles que ocupam espaços próprios ou de terceiros e querem se comunicar a partir da experiência de fé vivida na Igreja Católica. Isso significa que o documento é dirigido a proprietários, diretores, redatores, editores, apresentadores, artistas, repórteres, produtores de conteúdo e qualquer outra pessoa – profissional ou não – que esteja na árdua tarefa de comunicar o evangelho de Cristo em todas as mídias.
Adotamos o termo mídias para respeitar a diversidade dos espaços físicos e digitais que são hoje ocupados pela comunicação. Com isso queremos chegar não apenas aos olhos e ouvidos, mas aos corações de todos aqueles que trabalham nas emissoras de TV e Rádio, ligadas à Igreja de algum modo e também aqueles que participam dos meios laicos e se apresentam neles como católicos. Um dos destinatários pensados pelos bispos – enquanto preparávamos este documento que contou com a colaboração de vários comunicadores e de todas as comissões pastorais da CNBB – é o produtor de conteúdo na internet. Queremos também dialogar com as pessoas que assumem esse novo ambiente em sites, blogs ou redes sociais.
Quais são os principais temas abordados neste documento?
O texto é bem abrangente. Destaco alguns temas importantes: é fundamental o trabalho de todos, especialmente das mídias, em prol da unidade da Igreja; é fundamental que cada mídia consiga expressar a catolicidade; as mídias têm responsabilidades na formação da cidadania, conforme orientação da doutrina social da Igreja; as mídias também são importantes para a catequese litúrgica, uma vez que “fazem escola” nas comunidades locais; a ética dos agentes que interagem nas mídias, particularmente na questão comercial de produtos ligados ou não à religião; cumplicidade na missionariedade da Igreja; compromisso com a Palavra, a Tradição e o Magistério, pois é isso que define a catolicidade de uma Midia que se diz a serviço da Igreja.
Conforme o senhor disse, o texto ainda deve fazer um percurso antes de chegar à sua redação final. Por que desse método e como ele será aplicado?
A CNBB sempre agiu desse modo com todos os seus documentos oficiais. Há sempre um período para que as comunidades, os pastores, os padres, os religiosos, os leigos possam colaborar na formulação de caminhos para uma pastoral orgânica, uma ação evangelizadora participativa e que seja eficaz no anúncio do Evangelho de Cristo. Com esse documento não é diferente. O Conselho Permanente aprovou um texto que será publicado na série verde dos “Estudos CNBB” e este trabalho, em seguida, fará ainda um trajeto peregrinando entre os comunicadores da Igreja do Brasil, suscitando reflexão e engajamento.
O Conselho Permanente encarregou a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação de animar esse processo. Logo que o texto estiver finalizado – com as últimas correções pedidas – e publicado pela CNBB, apresentaremos aos comunicadores de todas as mídias um cronograma de trabalho. É desejável que na Assembleia Geral de 2019, depois do amplo trabalho de debates, correções, emendas e sugestões, apresentemos a proposta de um texto final, para a aprovação dos bispos.
Nesse tempo de estudos, quais serão as prioridades da Comissão para a Comunicação da CNBB?
A primeira providência será de criar condições para que todos os comunicadores que atuam nas mídias no Brasil tenham acesso e possam conhecer a integralidade das orientações pastorais propostas pela CNBB. Acreditamos que isso não pode ser apenas confiado à adesão espontânea que, apesar de necessária, pode durar muito tempo. Vamos propor datas e encontros para a leitura desse texto, considerando a especificidade das mídias.
Uma segunda prioridade será aquela de fazer que essas orientações não sejam apenas conhecidas, mas experimentadas na prática de cada uma das mídias. Precisamos evitar promover debates da letra pela letra e trazer o elemento da prática para aprofundar o que o texto propõe. Nesse sentido, precisamos levar as orientações para as redações das TVs, dos Jornais, das revistas, dos produtores de conteúdo na internet, etc.
Ainda uma ação importante, entre outras que poderemos realizar no decorrer do processo, é estabelecer um cronograma para receber contribuições – a partir do conhecimento e da prática das orientações – para que sejam inseridas no texto a ser apresentado em 2019.
O senhor não acha que muita coisa para pouco tempo?
Acho sim! Mas, comunicadores católicos são arrojados e corajosos. Ninguém brinca em serviço! São criativos e céleres! Eles têm uma capacidade de produção que a maioria de nós desconhece completamente. Quando a gente vê um programa bonito, uma reportagem bacana, uma campanha legal nas mídias, às vezes, não nos damos conta que foi um grupo enorme de pessoas que trabalhou com talento, dedicação e carinho e trouxeram aquilo para o público, a tempo e a hora. Basta um bom planejamento e a adesão dos comunicadores. Nós conseguiremos!
A Igreja no Brasil merece o nosso esforço! O compromissa da fé em Jesus Cristo, nosso Redentor, pede nossa adesão para que tenhamos todas as áreas da evangelização bem refletidas nos trabalhos que são realizados no ambiente midiático. Este documento não é da Comissão de Comunicação, é um documento da CNBB e considerou a participação de todas as grandes linhas do nosso trabalho pastoral no Brasil! Gente boa! Meu agradecimento e abraço a todos!
Fonte: CNBB