27 jan 2018 - Cidade do Vaticano - Casar ou não casar, eis a questão levantada por São Paulo na segunda leitura de hoje. O judaísmo dava muita importância ao casamento, pois daí viriam os filhos que iriam ajudar ao Povo de Israel ser uma realidade.
As pessoas solteiras e viúvas eram olhadas como anormais, pois não seguiam a vocação natural: casar e procriar. “O Cristianismo viu no celibato um laço estreito e forte com aquilo que se relaciona imediatamente com o Reino dos Céus. Ele permite à pessoa celibatária dedicar-se totalmente às coisas do Reino dos céus. ”
Uma constrói o Reino deste mundo, a outra, o celeste. Muitos sentem que não lhes cabe alternativa senão consagrar-se à vida religiosa ou sacerdotal, pois querem o mais, querem apenas cuidar da realidade futura. Outros, reconhecendo a beleza da vida matrimonial e de ter filhos, sentem-se chamados a construir uma família. Mas para aquele e para aquela que vê a beleza das duas vocações, que deseja fazer a vontade do Senhor, que não quer seguir os apelos carnais, o que fazer?
Tudo é bom porque tudo leva para Deus, contudo para alguns, uma dessas duas opções é melhor do que a outra. Não se trata de uma visão teórica do que seja melhor, mas sim de uma adesão à vocação, ao chamado de Deus, àquilo que nos fará mais felizes, mais pessoas realizadas.
São Paulo, ao enaltecer a vida celibatária quer mostrar aos que colocam o casamento como a vocação única do ser humano, as vantagens e os porquês da vida celibatária. Longe de engrandecer o celibato como a única vocação digna do ser humano, o Apóstolo dos gentios busca o equilíbrio tirando do casamento sua superioridade em relação ao outro modo de ser.
Todas as duas vocações são importantes e nenhuma é melhor que a outra. A melhor é aquela à qual a pessoa se sente chamada. “De fato, a santidade reside em saber responder ao chamado do Senhor, seja ele qual for”.
São Paulo é muito prático e para enaltecer a vida celibatária por amor ao Reino dos céus, diz que ela propicia ao ser humano viver sempre unido ao Senhor, com o coração livre para se dedicar por completo a Deus e aos irmãos, indistintamente, sem qualquer limite. Portanto, a grandeza do celibato ganha sentido enquanto doação plena e total ao Reino. Contudo, nossa realidade nos apresenta homens e mulheres casados, que, individualmente ou como casal, além de manter com sacrifícios uma família, dedicam muito tempo à comunidade, quando não se tornam o baluarte da mesma comunidade. Não podemos fechar os olhos diante dessa realidade!
Trata-se de fazer a vontade de Deus, não importando o estado civil. Este deverá ser vivido, assumido, dentro da vocação dada pelo Senhor. Não importa se somos leigos ou religiosos. Jamais poderemos nos fechar em nossa vida. A dimensão do serviço ao Reino deve encontrar espaço em nossa vida. Seja de modo explícito na vida eclesial, seja de modo implícito na vida comunitária, o cristão deverá dedicar-se à construção do Povo de Deus.
Padre Cesar Augusto dos Santos
Vatican News