04 fev 2018 - “O futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído; e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino.” (Antoine de Saint-Exupéry).
O Papa Francisco, em sua exortação sobre a Alegria do Evangelho, nos convida a sermos mais ousados e criativos, abandonando a posição cômoda de dizer: “foi sempre assim” (EG, 33). Muito importante é essa exortação do Santo Padre: “Não caminhar sozinho”.
Ter companhia
Há muitos líderes que caminham sozinhos, mesmo tendo ao seu lado uma equipe, um grupo, uma comissão e pessoas mais sábias. Mas o terrível é ele pensar que, os outros não pensam, achar que só ele é inteligente e que os demais devem achar que ele é entendido e sabe tudo. Há líderes que fazem dos outros apenas figuras simbólicas e marionetes. Infelizmente, a instituição para a qual ele trabalha lhe concede tal poder (o que pode ser mortal) para ditar, controlar e destruir.
Estamos em crise social, política, econômica, educacional, familiar e religiosa. A crise religiosa é a pior de todas! De todos os líderes intolerantes, o religioso é o mais ferrenho. Na crise sem sabedoria os projetos são decadentes. No desespero, atira-se para todos os lados. Quem caminha para o fundo do poço, fica cego para encontrar uma saída. Daí, a derrota é certa.
Ser criativo
Ser criativo é ter a companhia de gente mais sábia e mais experiente, pois, são determinantes nas soluções. Caminhar junto é construir fortalezas interiores e exteriores, ou seja, ser feliz e honesto para ser modelo de uma sociedade edificada, numa obra concreta e duradoura na dignidade da pessoa humana.
Ser criativo é viver atualizado, é ter a companhia da ciência e da tecnologia. Ser criativo é saber caminhar com o Evangelho de Cristo para alcançar os corações. Ser criativo é não ter medo das mudanças, do novo e dos desafios. Ser criativo é estar aberto para as surpresas, para o impactante.
Tudo morre devido a fazer o mesmo sempre, ao cotidiano, às posições cômodas do “prazer pessoal”, o marasmo, a doença da ditadura e das leis, o medo! Documentos e reuniões demais, assembleia demais, missas descaracterizadas com uma falação danada, comunhão fingida, amizades falsas e fraternidades fracassadas são resultados de mentes doentias, lideranças boçais e ausência do Espírito Santo.
O que estamos construindo? Onde está o espírito criativo? A nossa felicidade aqui é eterna? Tenhamos a humildade de nos sujeitar ao Espírito Criativo de Deus e caminhar como verdadeiros irmãos e amigos. Na compaixão, na simplicidade e na caridade, podemos revolucionar nossas comunidades no crescimento total de criatividade, de renovação e de bênção para todos. Vai ser sempre assim: “Buscando, no Santo Espírito Criativo, renovar e reavivar todas as coisas”.
Padre Inácio José do Vale - professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.
Fonte: Canção Nova