01 ABRIL 2018 - A Páscoa é a festa maior da fé cristã. Nela se celebra o mistério da ressurreição de Jesus e a vitória da vida sobre a morte, sintetiza o arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Justino de Medeiros.
O bispo destaca que os Evangelhos relatam que na manhã do primeiro dia da semana, ou no terceiro dia após a morte e o sepultamento de Jesus, seu túmulo foi encontrado vazio e Jesus ressuscitado se fez ver pelos discípulos. Iniciava-se, então, a trajetória da fé cristã com os discípulos anunciando a Boa-nova da ressurreição de Jesus.
“A Igreja vive da fé pascal. Toda a vida cristã, toda a vida eclesial só é possível pela fé em Jesus ressuscitado”. O termo Páscoa deriva do hebraico pesah e do aramaico pasha que remetem ao significado de passagem. Povos antigos de cultura agropastoril celebravam a passagem do inverno para a primavera no hemisfério norte. Naquele tempo, era costume que os pastores imolassem um cordeiro primogênito para assar e comemorar a data. Era chamada a festa dos pastores que marcavam as portas de suas tendas com o sangue dos cordeiros, como um gesto de proteção contra o mal. Celebrava-se a renovação da vida depois do longo inverno.
Com Jesus Cristo a Páscoa adquire o sentido da vitória da vida sobre a morte pela ressurreição. O sangue de Cristo marca a vida do cristão e lhe garante vida plena, como canta o Precônio Pascal no sábado santo: Eis a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou. Marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino sangue nos salvou. Diante da situação do Brasil atualmente que clama por justiça, paz e vida digna. A Páscoa pode inspirar a esperança em dias melhores, vencendo o desespero e a presunção e é sempre uma mensagem de renovação da vida, empenho de liberdade e superação da morte, aponta o bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), dom Leomar Antônio Brustolin.
“Diante da crueldade da realidade há quem se desespere, porque as trevas ficaram tão densas que parece ter desaparecido a possibilidade da aurora. Outros podem achar que a situação nem é tão problemática e com uma atitude alienada, aguardam que aos poucos tudo se ajeite. É a presunção de não perceber a gravidade do momento. Somente a esperança pode renovar a vida nesse país. Para um cristão a esperança tem nome: Jesus Cristo”.
Dom João Justino diz que não há seguimento de Jesus sem cruz. E na fé, a cruz está radicalmente associada à Ressurreição. Dia-a-dia o discípulo lida com dores, desafios, sofrimentos, dificuldades, perseguições e, também, experimenta a alegria da transformação de si mesmo e das situações, da vitória do bem sobre o mal, da vida sobre a morte.
“Por mais difícil que esteja a situação de nosso país, os cristãos encontram forças para ser fiel à fé e ao compromisso de contribuir para a construção de uma sociedade justa e fraterna”. Ser cristão, nesse contexto, significa agir na certeza de que o sofrimento e a dor serão transformados em consolação e justiça. E para os não cristãos? Celebrar e defender a dignidade da vida humana, desde o seu início até o seu fim natural, se empenhar na garantia da liberdade para todos os seres humanos é um grande sinal de Páscoa, afirma dom Leomar.
“Para os cristãos essa missão é inerente à fé no Crucificado-Ressuscitado, para os que não creem no Cristo esse empenho poderá ter outras motivações, mas certamente todos colaboraremos, enquanto humanidade, para concretizar a grande novidade que Cristo trouxe com sua Páscoa: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10)”.
Para dom João Justino, os não-cristãos podem encontrar em quem crê em Jesus Cristo valores importantes para a edificação de um mundo mais fraterno e justo em que a dignidade da vida seja respeitada.
Fonte: CNBB