04 AGOSTO 2018 - Dom Jaime Spengler - Arcebispo de Porto Alegre - No dia 4 de agosto se recorda a figura de São João Maria Vianney (1786-1859), também conhecido como o Cura d’Ars, padroeiro dos sacerdotes, especialmente dos párocos.

Reproduzo abaixo um trecho belíssimo, resgatado pelo Papa Bento XVI em 2009, em que São João Maria Vianney se refere aos padres: (O padre é) “um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina. Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia. Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer (pelo pecado), quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a Terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a Terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é o para vós”.

Ser padre é expressão de uma convocação particular para uma missão específica a serviço do Povo de Deus. A vocação presbiteral não é mérito pessoal, mas escolha do Senhor: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu é que vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto” (Jo 15,16).

Os padres não são padres porque são melhores, mais virtuosos que outros batizados, mas porque escolhidos pelo Senhor para uma missão específica: testemunhar e anunciar o Evangelho. O homem ordenado para o ministério sacerdotal se empenha em viver segundo a forma da santa Igreja. Reconhecemos e agradecemos a dedicação de nossos padres presentes em distintas realidades da Arquidiocese de Porto Alegre. Oxalá adolescentes e jovens se sintam tocados pela graça da vocação presbiteral. Ser padre vale a pena!

E finalizo com o que nos diz o Papa Francisco: “A vida sacerdotal não é um escritório burocrático ou um conjunto de práticas religiosas ou litúrgicas para atender. Ser sacerdote significa arriscar a vida pelo Senhor e pelos irmãos, carregando na própria carne as alegrias e angústias do povo, dedicando tempo e escuta para curar as feridas dos outros, oferecendo a todos a ternura do Pai”.