05 DEZEMBRO 2023

ARTIGO: PE. DEOLINO PEDRO BALDISSERA


Quando saímos de casa sabendo que o tempo pode ser chuvoso, nos prevenirmos levando conosco um guarda-chuvas. A intensão é que ao abri-lo ele evite que nos molhemos. O guarda-chuvas faz com que a água não caia sobre nossa cabeça e escorrendo pelas bordas vá ao chão, embora sempre respingue um pouco em nossas pernas. Às vezes, há temporais e chuvas intensas que o guarda-chuvas não resiste e desaba. Se a chuva vier acompanhada de ventania, piora a situação. O guarda-chuvas protege, mas tem seu limite. Quando a chuva é fraca ele dá conta da situação. Ele protege e nos esconde. Protege da chuva, mas esconde o céu, não podemos olhar para ele! Quando chegamos ao destino, em lugar coberto, fechamos o guarda-chuvas e o deixamos num canto a secar. Nesses casos nosso dia pode continuar sem maiores dificuldades. Quando ocorrem tempestades que o guarda-chuvas não dá conta, aí ele perde um pouco sua função. Já vi muitos deles jogados à margem da rua, ali meio quebrado e inútil, indicando que seu dono tomou chuva no só na pernas, mas seu corpo todo ficou molhado! Aliás, dias chuvosos para quem anda pelos caminhos, há sempre um certo desconforto e incomodo!

Às vezes, se usa o guarda-chuvas, também como proteção do sol muito quente! Nesses casos, não há perigo de quebrar-se e nos deixar na mão. Nessas situações seu uso é protetivo sem risco, não há respingos. O sol é mais forte do que nós, e, é necessário para nossa saúde. Com ele caminhamos tranquilos sob sua luz. No precisa olhar para o céu para saber que o dia está ensolarado.

Pensando em guarda-chuvas, me veio à mente que nós usamos “diferentes guarda-chuvas” em nossa vida. Há dias em que acordamos dispostos, com dia claro, sem necessidade de “guarda-chuvas”, porque o sol brilha, iluminando nosso dia. Há outros, em que amanhecemos com mau humor, devido a uma noite mal dormida. Mal dormida, por diversos motivos, por preocupações exageradas com problemas para resolver, por indisposições físicas, por insônia, entre outros motivos. Quando isso acontece o dia parece amanhecer nublado, com horizontes estreitos e o “nosso mundo” meio fechado e ameaçador. Nosso guarda-chuvas (fisionomia) está indicando que estamos com problemas! E eles estão respingando em nosso caminho. Nesse caso, nosso guarda-chuvas esconde nossos estresses até que possamos resolver o que nos afeta. Fechar esse guarda-chuvas nem sempre é fácil. Muitas vezes, ele indica não só uma preocupação (chuva) passageira, mas, um verdadeiro temporal. Aquilo que parecia apenas, fruto de uma noite mal dormida, na verdade era um sintoma de algo mais sério. O temporal eminente que começa a desaguar, é resultado de um acúmulo de problemas que foram ignorados, e sem perceber formou-se uma verdadeira tempestade. Aí pode surgir um estresse doentio que atinge não só o corpo, mas também o psíquico e o espiritual. Os respingos indicam que algo não está bem.

Esse guarda-chuvas, foi uma proteção falsa, porque escondeu os reais problemas por um tempo, até que o “dia chuvoso” virou tormenta. De repente. todas as estratégias para esconder-se deles, não funcionaram, e ficamos expostos sem proteção, nosso “guarda-chuvas” ruiu! Nessa situação, onde encontrar “lugar coberto” em que se possa dispensar o guarda-chuvas? A lógica nos indica que quando estamos diante de problemas, que sozinhos não conseguimos resolver, precisamos de socorro! Esse socorro, às vezes, pode ser o médico, se o caso for questão de doença biológica, pode ser o psicólogo ou psiquiatra, se for psicopatia psíquica. Mas, pode acontecer que a questão básica, não seja nem um nem outro. O problema é de outra ordem! É questão de vazio existencial, ou, falta de um horizonte maior, cuja cura se encontra no nível mais espiritual. Nesse caso a busca precisa ser direcionada para um conteúdo que preencha o coração que está vazio. É muito comum, no mundo de hoje, um distanciamento dos valores espirituais, e, a natureza humana que conta com eles para uma vida equilibrada, não os encontra, porque ela foi direcionada só para as coisas da terra, e, não se voltou para as coisas do céu.

Diante disso, então, quando aparecem sinais de que algo não está bem conosco, é preciso fazer um discernimento para ver onde o problema se situa. Um erro de diagnóstico pode agravar o problema e aí a situação piora. Ter disposição para buscar o socorro no lugar certo é condição para melhorar. A pergunta que fica é: sob qual guarda-chuvas estamos nos escondendo ou buscando proteção? Naqueles da chuva ou naqueles do sol?