18 ABRIL 2024

PE. DEOLINO PEDRO BALDISSERA, SDS


Vivemos um tempo em que nos saturamos de informações. É difícil processar tudo o que entra pelos nossos ouvidos, pelos nossos olhos, pelos nossos poros! Não temos condição de digerir tudo, é muita coisa para um cérebro só! Nossa mente, nosso emocional, nosso psicológico, embora de uma capacidade impressionante, tem seu limite! Muitas pessoas chegam a um ponto que dizem: “basta” não aguento mais! É o sinal de alerta que está avisando que seu limite, se não chegou, está bem próximo. O super-herói cansou! E daí o que fazer? Nessa hora, talvez, seja oportuno buscar alguém que possa escutá-lo. Encontrar alguém nem sempre é fácil. Quem está disponível levante a mão? Está se tornando raridade! Porque para escutar não basta ouvir, é necessário ter uma certa capacidade de empatia que desperte confiança em quem desejar desabafar. É preciso oferecer um clima onde fique ausente um “juiz” para julgar na fala do outro o que é certo ou errado. Os pré-juízos e pré-conceitos precisam ceder lugar e dar espaço à liberdade para quem veio para ser escutado.

Alguns pré-requisitos para quem quer escutar. Renunciar a seu desejo de falar pelo outro, portanto, manter-se calado, deixando sua língua em repouso. Dar um sossego aos próprios problemas para não misturar as coisas; deixar fechada caixa de conselhos para não a despejar sobre quem veio em busca de ser escutado e não aconselhado. Estar aberto à compaixão, que não significa sentir dó. Compadecer-se é entrar na dor do outro sem carregá-la consigo, mas, ao mesmo tempo, mantendo-se solidário. Escutar não basta ouvir o que o outro diz. É preciso penetrar no sentido oculto que se revela não só nas palavras proferidas, mas no significado dos gestos que acompanham as palavras, na entonação de sua voz, no seu silêncio, na sua dor escondida repercutida em seu “basta”! Escutar é uma arte que se aprende, exercitando-se em escutar-se também. De vez enquanto é bom dar-se o tempo para auto escuta. Perceber o que o seu coração está lhe dizendo sobre a vida e seu modo de vivê-la. Para isso é preciso silenciar o barulho, seja ele externo ou interno. Sintonizar-se nos burburinhos da alma que apelam ou gritam por algo que você ainda não ouviu e nem atendeu, porque estava por demais envolvido em seu afã, achando-se capaz de suportar tudo, acreditando em demasia sobre sua capacidade de ser herói de si mesmo. Alimentando-se da ilusão de que é um Atlas que pode carregar sobre si o globo terrestre, testando-se moro acima, para, ao chegar lá, despencar moro abaixo e ter que recomeçar tudo de novo. Para escutar bem é necessário treinar a sensibilidade em suas várias facetas. Jesus costumava dizer, quem tem ouvido para ouvir, ouça! Ouça a voz do vento que sopra, sem que você saiba de onde vem e para onde vai. Olhe para os lírios do campo que se vestem melhor que o Rei Salomão. Note a força da semente que faz germinar o arbusto que vai produzir frutos; ouça o balido da ovelha perdida que espera por quem a carregue nos ombros; contemple a lua sem raios clareando a noite com suavidade; olhe o sol madrugador que irrompe cada manhã no horizonte que se abre para acolher sua luz. Ouça o gemido da terra que faz nascer a água, a planta, a floresta. Ouça a voz dos pássaros que entoam seus hinos no amanhecer e no entardecer. Escute a voz dos animais que buscam seu alimento na prodigalidade da natureza. Escute...! Você está quase pronto para ouvir os clamores dos corações que o procuram para serem escutados. Falta só iniciar e um pouco mais de treino e de experiência! Mas, já pode disponibilizar seus ouvidos, mente e coração para escutar! Pode levantar a mão e dizer “estou disponível para escutar”!